A cada dia que passo nesta existência terrena, sinto a grandeza das leis espirituais.
Anos convivendo com dores minhas e alheias, pequenas ou profundas, conquistadas pela ignorância ou partilhadas pela condição humana.
Não importa a origem ou suas características, a dor nos incomoda, nos traz sofrimento, no qual tantas vezes procuramos encobrir com a ilusão de que algo mágico virá a nosso encontro e nos curará.
Vejo que a mágica real procede de intenso trabalho.
Um trabalho além de nossa disposição corriqueira.
Mais recentemente, em busca de alívio e respostas que me trouxessem um instante de paz, deparei-me com minhas profundas verdades.
Olhar para minha imagem distorcida no espelho da vida foi a primeira etapa.Despir-se das culpas, as que nos impusemos duramente ou as que projetamos covardemente nos outros.Na observação e aceitação de minha imagem, pude começar a traçar meu tratamento.
A seguir, a morte consciente de uma série de idéias, crenças, apegos, formas e tantas amarras que prendem as nossas asas do espírito de voarem livremente pelo cenário de nossa real jornada.
Morrer dói.
Morrer é como extrair passo a passo os adereços artificiais que nos pesam e nos impedem de sermos quem realmente podemos ser.
Por fim, retirar de si todo mal, extrair a doença distribuída em nossos pensamentos, emoções, sensações...
Extrair com as mãos , unidas a outras, invisíveis, a raiz de uma ou várias ervas daninhas, cultivadas pela ignorância , fraqueza ou desequilíbrio compartilhados com tantos seres perdidos neste lindo planeta.
Fazer este processo conscientemente, ser o cirurgião, o bisturi e o paciente...
Observo, assim, grata, a oportunidade de participar de minha cura, que sinto ir além de mim, além do tempo...
Muitos ouvem.
Muitos aprendem.
Muitos trabalham e se curam, amparados pela Misericórdia Divina.
Misericórdia que nos acolhe .
Ensina-nos a caminhar com nossas pernas, oferecendo-nos suas mãos bondosas a nos apoiar em nossos tropeços, pacientemente, a espera de nos tornarmos fortes para prosseguirmos adiante, firmes.
Esta Misericórdia sabe esperar.
E a Graça Divina aguarda , amorosamente, desenvolvermos a capacidade de retribuirmos estendendo nossas próprias mãos a nossos irmãos.
Anna Gonçalves
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