Invocação ao Perdão

A chama acesa do meu coração

pede perdão.

Por todos que sofrem.
Pela fraqueza não combatida.
Pela oração não pronunciada.
Pelo conhecimento não aplicado.

A chama acesa do meu coração
pede perdão.

Por supor meus erros causados por outrem.
Por imputar culpas minhas ao Mundo.
Por não transpor barreiras por comodismo.

Pelo íntimo anseio em me transformar.
Perdão .
Pela aspiração em receber a Graça Divina.
Perdão.

Em união estamos ,
chama do perdão.

Inspirada por Anna Gonçalves

Invocação à Onipresença

Onipresença
Clamo-te !
Onipresença vem em meu auxílio !
Peço à Luz que percorre os mundos da aflição
que me envolva e me aqueça.
Que a perfeição de Seu Amor
cure as chagas da minha alma.
Que a sábia Lei da existência cósmica
tome as rédeas em minhas decisões.
Conduz-me
ó Onipresença
ao caminho da paz.

Inspirada por Anna Gonçalves

Oração à Mãe Universal

Toca, ó Mãe
com Tuas mãos meu coração
para que meus sentimentos
sejam expressão de pureza e amor

Toca ó Mãe
com Tuas mãos minha mente
para que seja campo fértil
de Tuas informações

Toca ó Mãe
com Tuas mãos minhas mãos
para que sejam extensões materiais
de Tua realização.

Toca ó Mãe
com Tuas mãos meus olhos
para que filtrem apenas o Bem
e encontrem a luz em todas as criaturas.

Toca ó Mãe
com Tuas mãos meus lábios
para que comuniquem o útil,
o necessário ,o evolutivo discurso Divino

Estando em Teus braços repouse a paz.

Estando contigo trabalhe com alegria.

Estando em Ti respire o Teu amor Maior.

Inspirado por Anna Gonçalves

Um pouco

Se hoje eu caio fora do mundo;
se hoje eu sou mais uma nessa paulicéia desvairada,
eu sou o resumo de tudo...
eu sou a Razão.

Se hoje eu busco o perdido, o passado,
o descontrolado, o inútil desespero,
o mínimo de salvação...
eu sou a Realidade.

Se ontem eu sonhei, descabelei fios de ilusão,
mergulhei em profunda fantasia
e acordei atordoada...
eu sou a Confusão.

Se hoje e certamente amanhã , eu nada mais procuro,
a não ser o abraço, o encaixe perfeito
à minha tão insólita existência...
eu sou o Amor.

Anna Gonçalves (1989)

Arriscar-se

"Arriscar-se é perder o pé por algum tempo.
Não arriscar-se é perder a vida"
(Loren Kierkgaord)





Fazer do medo , impulso
Da ilusão , realidade desprendida
Da premonição, brincadeira do tempo
Da expectativa, uma doce espera
Dos apegos...
ah, os apegos...
uma questão pessoal,
como um duelo
entre a razão e a alma
vencer, vencer
com as armas do coração
e a verdade do eterno
saber de um mero instante.

Anna Gonçalves

Cadeira de balanço

Sento-me nesta cadeira de balanço.
Para frente, para trás...
O atrito dela com o chão não me permite deslocar, andar, mudar de lugar...
Estagnada estou.O mundo balança.
Tontura...vertigem...não sinto meu corpo balançar; mente oca, preocupada a girar..girar...
Meu problema não é sentir o mal estar do desequilíbrio, mas sim, perceber que não sinto, não me sinto, sinto nada...o nada.
Morri?
O coração ainda bate, mesmo após mudar a palpitação.
E, por falar nisso, palpitam restos de amor, sombras difusas de paixão, imagens claras de afeto.
Medo .Sentimentos, momentos , batem menos, menos intensos...
Mudei?
Visão desnivelada , amadurecimento ironicamente tardio , respostas confusas .
A paixão perde-se neste oceano de perguntas .
É um crime permitir o fim de um grande amor.
Para isso existem as penitenciárias do coração.És criminoso também?
Destino : ser preso em sua própria cela.Sua grade :amores próprios ou impróprios.Pena: encarar o passado, conviver com o presente e não planejar o futuro.
Difícil perambular por entre as vias imaginárias do ego.
Difícil encontrar a porta e o alçapão.
O amanhã inesperado dói mais que a cabeça confusa.
Qual remédio ?
A balançar estou.
Para frente e para trás,
frente
trás.

(Anna Gonçalves - 1991)

Enluarada ilusão

A lua , às vezes, parece sorrir pra gente
crente de que é proprietária do céu.
Mal sabe ela, no entanto, 
que com nosso canto,
ela se intimida e foge vencida
ao se deparar com  nossa lua 
repleta de sonhos de uma vida !
A gente canta tão alto e tão bem
que até as estrelas se apagam comovidas
com a força de nossa voz já rouca, 
mas afinada por tanta crença
- ou, quem sabe, loucura -
que por fim, restaria apenas escuridão
e não o simples silêncio das estrelas.


(Anna Gonçalves - 1991)